Um olhar pela Serra

Olho pela janela e vejo a serra… (lamento desapontar os meus conterrâneos mas neve ainda não vejo, só lá para meio de Dezembro ou em Janeiro).
Olho para a serra e vejo-a com o mesmo brilhozinho nos olhos que tinha quando a vi pela primeira vez. Mas olho para a serra e vejo mais que a serra. Olho para ela todos os dias como se fosse a última vez que o possa fazer. Se calhar é este o sentimento de um finalista, não sei. Neste momento, e já dizia Sócrates, só sei que nada sei. Só sei mesmo que não sei o que o futuro me reserva, se estas serão mesmo as últimas vezes que poderei contemplar esta bela serra que me acolheu durante estes três anos, que tantos momentos bons (e maus) me trouxe.
Lembro-me da primeira noite que aqui passei. Olhar pela janela e ver uma serra, olhar pela janela e ver que ia mudar de vida, tal como diz a música. “Muda de vida se tu não vives satisfeito”, não que não vivesse, mas mudar de vida nem sempre é mau. Neste caso não foi, mas confesso que tenho saudades de certas coisas da minha vida antes de ter a oportunidade de contemplar esta bela serra todos os dias. Mas sei que irei sentir mais saudades quando deixar de ter o prazer de a ver sempre que olho pela janela.
Olho para a serra porque é ela que representa a minha estadia na Covilhã. Mas também é ela que me faz sentir saudades de casa, saudades da minha terrinha, da minha família, dos meus amigos de lá.
Pelo que descrevo, quando olho para a serra vejo tudo menos a serra. È uma verdade, mas também o que pensar de um sítio em que mais do que aquilo que ele é, interessa aquilo que ele significa?